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sábado, 10 de abril de 2010

Elane Tomich


Na testa de um menino

interrogação a carvão

numa pergunta à espera

de longa reposta em mimos

sobre seus passos aqui.


Mal e mal compreendida

a pergunta, ofendida,

adormeceu sobre si.

Pendente ficou a vida

nos sapatos de cadarços

tão pequenos, largos passos

pouca vida, tanta lida




No aparato dos sertões

da razão tantos senões

sola gasta, solo e pasto

hipóteses mil à espera

de tudo onde a vida opera

num grão de areia ao vento

solidão do pensamento.


A sós indagou-se à quimera

num desejo tão comprido

correndo em vão ressequido

de alicerce não cumprido

Curta resposta secava

tão só secava, secava de apenas ser

curiosidade trancada.


Secava tão devagar

o segredo de viver

era terra a beber lágrimas

trapézio a voar vazio

um sonho dependurado

marcas de choro no estio


Mesma terra que me sonha

e, na idéia, coleciona

rios qual o Jequitinhonha.


Ficara a vida parada

ou nada, que o nada é nada?

Anjo errante a virar páginas

provava que o descaminho

de uma reposta fechada

une em roda a ciranda

_que não parece, mas anda_


Vacila à beira ninho

o retorno à mesma espera

daquela pergunta amarrada

na garganta do menino

se for ou não, mas seguia,

no enroscado do imbé

no vôo do curiango

entre o fandango e o banjo

o porque se desfazia

cicio em assovio

em respostas, travessia

ponte do abismo à fé.

[PS: então o menino chorou vales atravessou e conheceu a maré, óbvia reposta calada,à imensidão do nada]

Autora : Elane Tomich

2 comentários:

Elane disse...

brigada pela postagem...Parabéns pela edição
Elane

Unknown disse...

Tenho acompanhado seu trabalho, Elane, e vejo nos seus poemas uma grande força nas imagens que você propõe. Neste poema, a primeira imagem posta é muito forte "uma interrogação a carvão na testa de um menino". Quem é este menino que segue "largos passos, pouca vida, tanta lida" com "uma pergunta amarrada na garganta, se for ou não mas seguia, enroscado no imbé, no voo do curiango, entre o fandango e o banjo". Há momentos, sinto que este menino, com a interrogação a carvão na testa, somos nós, atravessando a vida nestas lindas imagens vistas por você nas suas caminhadas pelo "poetar", as vezes tristes (o estigma do carvão na testa) e também lúdicas/sonoras com o voo do curiango, o fandango e o banjo. Beijo carinhoso procê/Cícero