I.
_ no silêncio , a saudade habitada _
[ poema para meu Pai]
existiu um tempo em que :
* a felicidade sentava-se todos os dias no peitoril da janela..."
* Jorge de Sena
na ramada de úmidos lírios
a casa suspira aromas de primaveras
como se de um cesto de frutas colhidas frescas
a pureza de infâncias derrama-se sobre a mesa
enquanto o tempo aprisiona a tua eternidade
semeio-te vento onde respira a nossa história
nos jardins, nas clareiras, nas azinhagas, no ar
assim, de ti me acerco com os olhos exaustos da luz
entre as esquinas da memoria a pastorar os silêncios
onde respiram as velhas canções de ninar teus cansaços
como um poema ferido de amor sob o látego da insônia
assim,
de ti me acerco nas madrugadas de ausências irremediáveis
pelos cantos desocupados
onde procuro-te nesse vazio que nada preenche
como se a morrer-me em oferta consagrada
para atingir-te :
uma vez
outra vez
e mais outra
porque ainda caminhas:
[- por essa dor insaciável! ]
Autora: AnadeAbrãoMerij
_ no silêncio , a saudade habitada _
[ poema para meu Pai]
existiu um tempo em que :
* a felicidade sentava-se todos os dias no peitoril da janela..."
* Jorge de Sena
na ramada de úmidos lírios
a casa suspira aromas de primaveras
como se de um cesto de frutas colhidas frescas
a pureza de infâncias derrama-se sobre a mesa
enquanto o tempo aprisiona a tua eternidade
semeio-te vento onde respira a nossa história
nos jardins, nas clareiras, nas azinhagas, no ar
assim, de ti me acerco com os olhos exaustos da luz
entre as esquinas da memoria a pastorar os silêncios
onde respiram as velhas canções de ninar teus cansaços
como um poema ferido de amor sob o látego da insônia
assim,
de ti me acerco nas madrugadas de ausências irremediáveis
pelos cantos desocupados
onde procuro-te nesse vazio que nada preenche
como se a morrer-me em oferta consagrada
para atingir-te :
uma vez
outra vez
e mais outra
porque ainda caminhas:
[- por essa dor insaciável! ]
Autora: AnadeAbrãoMerij
2 comentários:
Através de um poema estroficamente pouco vulgar e rico de conteúdo, a autora retrata a dor e a beleza de uma relação sobre a qual a morte não tem qualquer poder ("... porque ainda caminhas:/-por essa dor insaciável").
Trata-se de um poema pungente que arrebata o leitor e fica a fermentar dentro dele.
A força e tensão dramáticas que caracterizam a Poesia de Ana Merij estão bem presentes neste Poema. Parabéns, Nana!
Um abraço
Maria João Oliveira
Querida Maria João, vc. conseguiu capturar integralmente opoema e ador-nele contida.
Seu olhar e comentário, pousam aqui, como estímulo e vontade de prosseguir na escrita.
Obrigada e meu carinho, nanamerij
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